Nova estratégia terapêutica mostra ganho expressivo de sobrevida e reforça mudança no padrão de tratamento.
A combinação do anticorpo conjugado Disitamab Vedotin com o inibidor de PD-1 toripalimab apresentou resultados que chamaram a atenção na ESMO Congress 2025. Em pacientes com carcinoma urotelial localmente avançado ou metastático com expressão de HER2, a terapia superou amplamente o desempenho da quimioterapia tradicional e abriu espaço para uma possível mudança no tratamento inicial dessa população.
Ganho de sobrevida e resposta tumoral com o Disitamab Vedotin
Os dados do estudo RC48-C016 mostraram um avanço importante. A mediana de sobrevida global chegou a 31,5 meses entre os pacientes tratados com Disitamab Vedotin e toripalimab, enquanto o grupo que recebeu quimioterapia apresentou 16,9 meses. O estudo relatou hazard ratio de 0,54 e intervalo de confiança entre 0,41 e 0,73. A análise teve seguimento mediano de 18,2 meses.
A sobrevida livre de progressão também foi superior com a combinação: 13,1 meses contra 6,5 meses. O índice de resposta objetiva alcançou 76,1% no grupo experimental, comparado a 50,2% no braço de quimioterapia. Pesquisadores destacaram que esses resultados complementam achados prévios com outras combinações de anticorpos conjugados e imunoterapia, como os do estudo EV-302/KEYNOTE-A39.
Perfil de segurança e eventos adversos do Disitamab Vedotin
A análise de segurança indicou menor frequência de eventos adversos graves relacionados ao tratamento no grupo que recebeu disitamab vedotin e toripalimab. Foram 55,1% dos pacientes com eventos grau 3 ou superiores, enquanto o braço de quimioterapia registrou 86,9%. Entre os efeitos observados, a neuropatia periférica apareceu em 4,1% dos casos tratados com a nova combinação, um resultado alinhado ao observado em estudos anteriores com ADCs semelhantes.
Alterações em testes de função hepática e toxicidade hematológica foram mais presentes do que as observadas com outros anticorpos conjugados, como enfortumab vedotin, em combinação com imunoterapia. Mesmo assim, o perfil geral de tolerabilidade favorece a nova abordagem.
Limitações e desafios na aplicação clínica do Disitamab Vedotin
Especialistas destacaram a necessidade de ampliar a validação desses dados. O RC48-C016 foi conduzido exclusivamente em população chinesa, o que reforça a importância de estudos multicêntricos que contemplem diferentes origens étnicas. Outro ponto crítico é que o braço de comparação utilizou quimioterapia baseada em platina, abordagem que já se tornou desatualizada em regiões onde enfortumab vedotin associado a pembrolizumab é considerado terapia padrão.
Essa mudança no cenário terapêutico faz com que pacientes se mostrem mais receosos em participar de estudos que possam incluí-los em grupos com quimioterapia isolada. Além disso, persiste a variabilidade na avaliação do biomarcador HER2, elemento decisivo para indicar o uso de disitamab vedotin.
Impacto do sequenciamento terapêutico do Disitamab Vedotin
O avanço das terapias com anticorpos conjugados também cria novas dúvidas sobre o sequenciamento ideal dos tratamentos. Ainda não se sabe como a combinação com toripalimab se comportará em pacientes previamente expostos a ADCs ou a inibidores de checkpoint em fases mais iniciais da doença.
Uma análise preliminar apresentada no início de 2025 avaliou a combinação em cenário perioperatório para pacientes com câncer de bexiga músculo-invasivo, mas os resultados ainda são iniciais e não esclarecem seu papel após terapias prévias.
Estudos em andamento sobre o Disitamab Vedotin
Há diversos estudos em curso avaliando combinações entre anticorpos conjugados e imunoterapia em diferentes estágios da doença. Um ensaio global de fase III compara Disitamab Vedotin associado a pembrolizumab com quimioterapia seguida de imunoterapia de manutenção. A expectativa é que esses dados apoiem a expansão regulatória da terapia para além da China.
Segundo pesquisadores envolvidos na área, compreender melhor os biomarcadores permanece central para a seleção dos pacientes que mais se beneficiam. HER2 e NECTIN-4 são mais comuns em tumores do subtipo luminal, sugerindo possível sobreposição entre os grupos que respondem a disitamab vedotin e enfortumab vedotin.
Conclusão:
Os resultados apresentados no ESMO Congress 2025 reforçam o potencial do disitamab vedotin em parceria com toripalimab para transformar o tratamento inicial do carcinoma urotelial avançado com expressão de HER2. As vantagens em sobrevida e resposta tumoral colocam a combinação como alternativa promissora, embora ainda haja desafios quanto à validação em diferentes populações, ao sequenciamento terapêutico e à padronização dos biomarcadores. Estudos globais em andamento deverão esclarecer esses pontos nos próximos anos.
Com informações de ESMO Daily Reporter — https://dailyreporter.esmo.org/esmo-congress-2025/genitourinary-cancers/disitamab-vedotin-plus-immunotherapy-almost-doubles-overall-survival-in-advanced-her2-expressing-urothelial-cancer
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