Rituximabe pode se tornar primeira linha no tratamento da esclerose múltipla, apontam pesquisadores da USP

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) defendem que o rituximabe seja incorporado como opção de primeira linha para o tratamento de pacientes com esclerose múltipla no Brasil. A recomendação, publicada em julho no periódico Lancet Regional Health — Americas, indica que o medicamento pode trazer melhores resultados clínicos, reduzir desigualdades em saúde e representar economia para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Revisão baseada em evidências robustas

O grupo da USP realizou uma revisão sistemática da literatura utilizando o método GRADE (Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation). A análise considerou critérios como eficácia, efeitos adversos, custo-benefício, impacto sobre desigualdades, aceitabilidade e viabilidade do uso do fármaco. As conclusões foram categóricas: o rituximabe oferece desempenho superior aos tratamentos atualmente disponíveis como primeira linha no SUS.

Medicamentos de alta eficácia e o papel do rituximabe

Os resultados demonstraram que o rituximabe supera as terapias convencionais, como interferon-β (IFN-β), acetato de glatirâmer e fumarato de dimetila, considerados de baixa eficácia. Segundo a neurologista e neuroimunologista Dra. Samira Apóstolos, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), os fármacos de alta eficácia, como o rituximabe, modificam o curso da doença quando introduzidos precocemente. “Nos primeiros três a dez anos, o uso de medicação de alta eficácia reduz o risco de incapacidade em cerca de 30%”, afirma.

No Brasil, o SUS oferece apenas natalizumabe e alentuzumabe como terapias de alta eficácia, ambos com limitações importantes. O natalizumabe tem uso restrito devido ao risco de leucoencefalopatia multifocal progressiva, enquanto o alentuzumabe exige infusão prolongada e monitoramento intensivo por anos, o que restringe seu uso.

Acesso limitado e desigualdade terapêutica

Atualmente, menos de 10% dos pacientes com esclerose múltipla tratados na rede pública têm acesso a medicamentos de alta eficácia. Na rede privada, existem outras opções como ocrelizumabe e ofatumumabe, mas o custo elevado limita seu uso como primeira escolha. O rituximabe, já aprovado no SUS para artrite reumatoide, surge como alternativa viável, segura e com aplicação semestral, facilitando o acompanhamento clínico.

Evidências internacionais e custo-benefício

Desde 2008, o rituximabe vem sendo estudado para esclerose múltipla em diversos países. Pesquisas de vida real realizadas na Suécia e em outros locais mostram que o medicamento é eficaz, seguro e possui excelente custo-efetividade. A Dra. Samira destaca que, ao comparar os dados internacionais com o contexto brasileiro, o custo do rituximabe seria menor que o das terapias atualmente empregadas pelo SUS, especialmente pela disponibilidade de biossimilares — alguns de produção nacional.

O Dr. Guilherme Diogo Silva, também do HCFMUSP, ressalta que o rituximabe é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um medicamento essencial, devendo estar acessível em todos os países. No entanto, o uso do fármaco para esclerose múltipla ainda não foi avaliado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nem pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).

Desafios regulatórios e próximos passos

O Dr. Guilherme explica que a ausência de avaliação pela Conitec decorre do fato de o rituximabe não ter indicação em bula para esclerose múltipla. Com o fim da patente, o fabricante concentrou esforços no ocrelizumabe, deixando de submeter o rituximabe à análise regulatória para essa doença. Para os pesquisadores, a iniciativa de incorporação deve partir da comunidade científica e de entidades médicas, como a Academia Brasileira de Neurologia (ABN), que já demonstraram apoio à proposta.

Especialistas reforçam eficácia e segurança

A Dra. Ana Piccolo, coordenadora do Departamento Científico de Neuroimunologia da ABN, destaca que o estudo sueco COMBAT-MS mostrou reduções superiores a 85% nas taxas de surtos e acima de 90% na ocorrência de novas lesões cerebrais. Segundo ela, o rituximabe apresenta resultados comparáveis aos outros anti-CD20 — como ocrelizumabe e ofatumumabe —, porém com custo significativamente menor. “É um medicamento administrado a cada seis meses, o que reduz custos e facilita a adesão”, explica.

Os efeitos colaterais são, em geral, leves e controláveis, como reações infusionais que podem ser minimizadas com antialérgicos e corticoides. A especialista reforça que há ampla evidência de que o medicamento é seguro, eficaz e economicamente viável, inclusive já sendo utilizado como primeira linha para esclerose múltipla pediátrica em países como a Suécia.

Conclusão

Os resultados apresentados pela USP e o consenso entre especialistas reforçam que o rituximabe tem potencial para redefinir o tratamento da esclerose múltipla no Brasil. Sua eficácia comprovada, segurança, facilidade de uso e custo reduzido podem ampliar o acesso ao tratamento de alta eficácia no SUS, promovendo maior equidade e melhores desfechos clínicos.

Com informações de Medscape — [Rituximabe poderia ser primeira linha para esclerose múltipla, dizem especialistas]

 

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