Primeiro ensaio randomizado compara inibidores covalentes e não covalentes de BTK
O pirtobrutinibe, um inibidor não covalente da tirosina quinase de Bruton (BTK), demonstrou eficácia semelhante à do ibrutinibe no tratamento da leucemia linfocítica crônica (LLC) e do linfoma linfocítico de pequenas células (LLP). Os dados são do estudo BRUIN CLL-314, o primeiro ensaio clínico randomizado de fase 3 a comparar diretamente inibidores covalentes e não covalentes de BTK. Os resultados foram apresentados durante a Reunião Anual da American Society of Hematology (ASH) de 2025 e publicados simultaneamente no Journal of Clinical Oncology.
Resultados de eficácia no estudo BRUIN CLL-314
O estudo incluiu 662 pacientes randomizados na proporção de 1:1 para receber pirtobrutinibe ou ibrutinibe. Na análise por intenção de tratar, a taxa de resposta global foi de 87,0% no grupo tratado com pirtobrutinibe, em comparação com 78,5% no grupo que recebeu ibrutinibe.
Entre os pacientes sem tratamento prévio, as taxas de resposta global foram de 92,9% com pirtobrutinibe e 85,8% com ibrutinibe. Já entre os pacientes com doença recidivada ou refratária, as taxas observadas foram de 84,0% e 74,8%, respectivamente. Segundo Jennifer Woyach, MD, diretora de Hematologia da Universidade Estadual de Ohio e autora principal do estudo, os resultados reforçam o potencial do pirtobrutinibe como alternativa terapêutica relevante no cenário da LLC.
Perfil de segurança e tolerabilidade
Além da eficácia semelhante, o pirtobrutinibe apresentou um perfil de segurança considerado favorável. Na análise de segurança, que incluiu 655 pacientes tratados por uma mediana de cerca de 20 meses, a incidência de eventos adversos emergentes do tratamento foi semelhante entre os grupos. Eventos de qualquer grau ocorreram em 97,0% dos pacientes tratados com pirtobrutinibe e em 97,8% daqueles que receberam ibrutinibe. Eventos de grau 3 ou superior foram registrados em 54,8% e 53,5% dos pacientes, respectivamente.
Diferenças relevantes foram observadas em eventos específicos. A ocorrência de fibrilação ou flutter atrial foi significativamente menor no grupo pirtobrutinibe, com taxa de 2,4%, em comparação com 13,5% no grupo ibrutinibe. A incidência de hipertensão também foi menor entre os pacientes tratados com o inibidor não covalente. Esses achados sugerem um perfil cardiovascular mais favorável, aspecto particularmente relevante para pacientes idosos ou com maior carga de comorbidades.
Sobrevida livre de progressão e acompanhamento
Após um acompanhamento mediano de aproximadamente 20 meses, observou-se uma tendência favorável ao pirtobrutinibe em relação à sobrevida livre de progressão (SLP). Houve uma redução de 43% no risco de progressão da doença ou morte em comparação com o ibrutinibe na população total analisada. A taxa de SLP em 18 meses foi de 87% no grupo pirtobrutinibe e de 82% no grupo ibrutinibe.
No subgrupo de pacientes sem tratamento prévio, os dados indicaram uma redução ainda mais expressiva do risco de progressão ou morte. Apesar disso, os investigadores destacaram que um período de acompanhamento mais longo é necessário para confirmar a magnitude e a durabilidade desse benefício.
Contexto regulatório e implicações clínicas
A apresentação dos resultados coincidiu com a recente decisão da Food and Drug Administration, em 3 de dezembro, de expandir a aprovação do pirtobrutinibe para o tratamento de LLC e LLP recidivados ou refratários em pacientes previamente tratados com um inibidor covalente de BTK. Em 2023, o medicamento já havia recebido aprovação acelerada para pacientes submetidos a pelo menos duas linhas anteriores de tratamento.
Especialistas apontam que, embora os dados sejam encorajadores, ainda não é possível definir o pirtobrutinibe como terapia de primeira linha. Em entrevista, Catherine S. Diefenbach, MD, do Perlmutter Cancer Center da NYU Langone Health, destacou que o estudo mostra benefício claro em pacientes recidivados ou refratários, mas não demonstra superioridade em relação a inibidores covalentes de segunda geração, como acalabrutinibe ou zanubrutinibe.
Impacto para o tratamento da LLC
Os resultados do estudo BRUIN CLL-314 indicam que o pirtobrutinibe oferece eficácia semelhante à do ibrutinibe no tratamento da leucemia linfocítica crônica, com um perfil de segurança potencialmente mais favorável, especialmente no que se refere a eventos cardiovasculares. Embora os dados apontem para a possibilidade de uso em linhas terapêuticas mais precoces, a comunidade científica concorda que são necessários dados adicionais de acompanhamento para confirmar impacto consistente em sobrevida livre de progressão e sobrevida global.
Com informações de Medscape Medical News — https://www.medscape.com/viewarticle/pirtobrutinib-shows-similar-efficacy-ibrutinib-cll-2025a1000yho
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