Nova análise clínica destaca o sulthiame como possível alternativa farmacológica para a AOS.
Pesquisadores apresentaram novos dados sobre o sulthiame, medicamento usado no tratamento da epilepsia, que demonstrou melhora significativa em pacientes com apneia obstrutiva do sono. Os resultados foram discutidos no Congresso da Sociedade Respiratória Europeia de 2024 e reforçam a busca por terapias orais capazes de complementar ou substituir abordagens mecânicas como o CPAP, cuja adesão permanece limitada.
Evidências iniciais do sulthiame na apneia obstrutiva do sono
O sulthiame, um inibidor da anidrase carbônica, tem sido avaliado como alternativa farmacológica para a apneia obstrutiva do sono. Segundo o pesquisador Jan Hedner, a modulação dessa enzima pode estar ligada a mecanismos centrais da fisiopatologia da doença. Ensaios anteriores já indicavam resposta favorável, e o novo estudo amplia o entendimento sobre a dose ideal e a magnitude dos efeitos clínicos.
O ensaio envolveu 298 adultos com dificuldade de tolerância ao CPAP ou a dispositivos orais. Os participantes foram randomizados para doses de 100 mg, 200 mg ou 300 mg de sulthiame por dia, além de um grupo controle com placebo. A média etária foi de 56 anos, e o índice inicial de apneia-hipopneia situava-se na faixa moderada.
Resposta dose-dependente ao sulthiame nos índices de apneia
O objetivo central do estudo foi avaliar a variação do AHI3a ao longo de 15 semanas. Houve reduções significativas em todas as dosagens estudadas, com quedas de 17,8% para 100 mg, 34,8% para 200 mg e 39,9% para 300 mg. A análise post hoc utilizando o AHI4 reforçou a progressão dose-dependente, mostrando melhora de até 47,1% nos pacientes tratados com 300 mg.
Os resultados se mantiveram consistentes em diferentes graus de gravidade da apneia. A oxigenação noturna apresentou avanço relevante nas faixas de 200 mg e 300 mg, enquanto os registros de polissonografia mostraram preservação do sono REM, aspecto importante para a avaliação da qualidade global do repouso.
Outro desfecho favorável foi a redução da sonolência diurna, mensurada pela Escala de Sonolência de Epworth. Pacientes com sintomas mais intensos no início registraram ganhos ainda maiores, indicando benefício funcional associado à melhora das variáveis respiratórias.
Perfil de segurança e tolerância ao sulthiame
Os eventos adversos relatados foram compatíveis com o perfil do medicamento, principalmente parestesia, cefaleia, fadiga e náusea. A maioria apresentou intensidade leve a moderada, com clara relação à dose. O estudo não identificou alterações cardiovasculares de relevância clínica, ponto avaliado com atenção pela equipe investigadora.
Apesar dos resultados promissores, o pesquisador destacou que a amostra ainda é limitada para conclusões definitivas. A necessidade de estudos mais amplos e de longo prazo permanece, especialmente para esclarecer o impacto sustentado da terapia e a identificação de subgrupos que possam responder melhor ao tratamento.
O papel futuro do sulthiame no tratamento da apneia obstrutiva do sono
Especialistas externos reconheceram o potencial de uma terapia oral para a apneia obstrutiva do sono, dado que não há, até o momento, medicamentos aprovados para esta finalidade. Entretanto, observaram que mesmo com melhorias significativas, os pacientes tratados com sulthiame continuaram apresentando níveis moderados de apneia, e nenhum grupo alcançou parâmetros dentro da normalidade.
Pesquisas adicionais deverão considerar diferentes fenótipos da AOS, incluindo pacientes com alto ganho de circuito, que podem responder de modo distinto à terapia farmacológica. A interação entre medicamentos e dispositivos mecânicos também constitui uma área de interesse para futuras investigações.
Conclusão
Os novos dados posicionam o sulthiame como um candidato relevante para a futura terapêutica da apneia obstrutiva do sono. Embora ainda distante de substituir o CPAP, o medicamento se mostra promissor como alternativa complementar ou para pacientes com baixa tolerância às intervenções mecânicas. A continuidade das pesquisas determinará seu papel definitivo, especialmente com a necessidade de estudos de fase 3 que confirmem eficácia, segurança e aplicação clínica no longo prazo.
Com informações de Medscape — https://www.medscape.com/viewarticle/oral-epilepsy-drug-eases-symptoms-osa-2024a1000h8l
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