Estudo piloto randomizado aponta segurança e benefícios funcionais em pacientes na fase prodrômica da doença
Pesquisadores avançaram no entendimento das estratégias de intervenção precoce para a doença de corpos de Lewy ao apresentar resultados promissores de um ensaio clínico de fase II com a zonisamida. Publicado na revista científica npj Parkinson’s Disease, o estudo liderado por Hiraga e colaboradores investigou o potencial do medicamento em modificar a progressão da doença ainda na fase prodrômica, um período que antecede o surgimento da demência instalada e representa uma janela estratégica para ações terapêuticas mais eficazes.
A importância da fase prodrômica da doença de corpos de Lewy
A doença de corpos de Lewy é uma condição neurodegenerativa progressiva marcada pelo acúmulo anormal de proteínas alfa-sinucleína no cérebro. Esses agregados estão associados a prejuízos motores, cognitivos e neuropsiquiátricos que impactam de forma significativa a qualidade de vida dos pacientes. Na prática clínica atual, as opções terapêuticas concentram-se majoritariamente no controle dos sintomas, sem interferir de maneira comprovada na evolução da doença.
A fase prodrômica, caracterizada por manifestações sutis como distúrbios do sono REM, alterações cognitivas leves e disfunções autonômicas, surge como um alvo prioritário para o desenvolvimento de terapias modificadoras da doença.
Desenho do ensaio clínico e critérios de seleção
O estudo conduzido por Hiraga et al. adotou um desenho randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, considerado padrão ouro em pesquisas clínicas. Os participantes foram selecionados a partir de critérios clínicos rigorosos e biomarcadores compatíveis com a fase prodrômica da doença de corpos de Lewy.
Além das avaliações clínicas tradicionais, os pesquisadores incorporaram métodos avançados de neuroimagem e escalas detalhadas de desempenho motor e cognitivo. Essa abordagem multidimensional permitiu uma análise mais sensível dos possíveis efeitos da zonisamida sobre a progressão da doença.
Zonisamida e os efeitos observados no estudo
A zonisamida é um medicamento antiepiléptico já utilizado em determinados contextos da doença de Parkinson, com perfil de segurança conhecido. No ensaio clínico, o fármaco demonstrou potencial para melhorar parâmetros relacionados à função motora, sem agravar sintomas cognitivos ou psiquiátricos, um desafio frequente no manejo de pacientes com corpos de Lewy.
Os resultados sugerem que a zonisamida pode atuar em vias associadas à disfunção dopaminérgica, central na fisiopatologia da doença, além de apresentar possíveis efeitos neuroprotetores. Esse conjunto de achados reforça a hipótese de que o medicamento pode ir além do alívio sintomático, interferindo em mecanismos biológicos subjacentes à neurodegeneração.
Uso de biomarcadores e medicina de precisão
Um dos diferenciais do estudo foi o enfrentamento da heterogeneidade clínica característica das doenças neurodegenerativas. A sobreposição de sinais entre doença de Parkinson, Alzheimer e corpos de Lewy dificulta o diagnóstico precoce. Ao utilizar biomarcadores e critérios de estadiamento mais refinados, os pesquisadores conseguiram delimitar com maior precisão a população estudada.
Essa estratégia se alinha ao avanço da medicina de precisão na neurologia, favorecendo terapias mais direcionadas e potencialmente mais eficazes para subgrupos específicos de pacientes.
Impacto clínico e implicações para pesquisas futuras
Além dos desfechos neurológicos, o ensaio incluiu avaliações de funcionalidade e qualidade de vida, reconhecendo que a preservação da autonomia é um objetivo central em tratamentos modificadores da doença. Os achados reforçam a relevância de intervenções que considerem o impacto global da condição sobre o cotidiano do paciente.
Os autores destacam, no entanto, as limitações inerentes a um estudo piloto, como o número reduzido de participantes e o período de acompanhamento relativamente curto. Ensaios clínicos maiores e de longa duração serão necessários para confirmar os benefícios observados e definir parâmetros ideais de uso.
Avanços no manejo da doença de corpos de Lewy
O ensaio clínico de fase II com zonisamida representa um avanço relevante na pesquisa sobre a doença de corpos de Lewy, ao explorar de forma estruturada a possibilidade de modificação da doença ainda em sua fase inicial. Embora os resultados devam ser interpretados com cautela, eles oferecem uma base científica sólida para novos estudos e reforçam a importância da detecção precoce e do uso de biomarcadores no desenvolvimento de terapias inovadoras. A pesquisa de Hiraga e colaboradores contribui para ampliar as perspectivas no enfrentamento das sinucleinopatias e aponta caminhos promissores para o futuro da neurologia clínica.
Com informações de npj Parkinson’s Disease — https://doi.org/10.1038/s41531-025-01198-3
Conteúdo original também divulgado por Bioengineer.org — https://bioengineer.org/zonisamide-trial-shows-promise-for-early-lewy-body/
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