Dados apresentados no European Society for Medical Oncology Congress (ESMO) 2025 indicam que o gedatolisibe, medicamento em investigação, pode representar um avanço relevante no tratamento do câncer de mama avançado positivo para receptor hormonal e negativo para HER2. Os resultados do estudo de fase 3 VIKTORIA-1 demonstraram um aumento significativo da sobrevida livre de progressão em pacientes que apresentaram progressão da doença após o uso de inibidores de CDK4/6, com destaque para aquelas sem mutação no gene PIK3CA, um grupo com opções terapêuticas historicamente limitadas.
Resultados centrais do estudo VIKTORIA-1
O estudo incluiu 392 pacientes com câncer de mama avançado, receptor hormonal positivo, HER2 negativo e PIK3CA do tipo selvagem. Todas haviam progredido durante ou após tratamento com um inibidor de CDK4/6 e não tinham histórico de quimioterapia prévia para doença avançada.
As participantes foram randomizadas para três estratégias terapêuticas:
- gedatolisibe em combinação com fulvestranto e palbociclibe (terapia tripla);
- gedatolisibe associado a fulvestranto (terapia dupla);
- fulvestranto isoladamente.
O protocolo permitia o cruzamento opcional para os braços com gedatolisibe após progressão da doença.
Ganho expressivo em sobrevida livre de progressão
Os resultados mostraram melhora substancial da sobrevida livre de progressão mediana. No grupo tratado apenas com fulvestranto, a mediana foi de dois meses. Esse tempo aumentou para 7,4 meses com a terapia dupla, o que corresponde a uma redução de 67% no risco de progressão da doença ou morte. No braço de terapia tripla, a sobrevida livre de progressão mediana atingiu 9,3 meses, com redução de 76% no risco, ambos com significância estatística elevada.
Segundo a pesquisadora principal, Dra. Sara A. Hurvitz, do Fred Hutchinson Cancer Center, os achados apontam para um possível novo padrão de tratamento para pacientes com câncer de mama avançado receptor hormonal positivo e HER2 negativo após falha com inibidores de CDK4/6.
Benefício consistente em subgrupos clínicos relevantes
A extensão da sobrevida livre de progressão foi observada em todos os subgrupos analisados. Pacientes com metástases viscerais ou hepáticas também se beneficiaram tanto da terapia dupla quanto da tripla. Um dado considerado relevante foi o fato de o tipo de inibidor de CDK4/6 utilizado previamente não ter influenciado a resposta ao tratamento.
Mesmo pacientes que haviam progredido após uso anterior de palbociclibe apresentaram benefício no braço de terapia tripla. De acordo com a Dra. Hurvitz, esta é a primeira evidência, em um contexto randomizado, de benefício clínico com a reintrodução do palbociclibe.
Mecanismo de ação do gedatolisibe
O gedatolisibe é um inibidor de múltiplos alvos da via PI3K/AKT/mTOR, um importante eixo molecular envolvido no crescimento tumoral e na resistência à terapia endócrina e à inibição de CDK4/6. Trabalhos anteriores já haviam demonstrado atividade clínica do medicamento em câncer de mama avançado receptor hormonal positivo e HER2 negativo, independentemente do status da mutação PIK3CA.
A debatedora Dra. Alessandra Gennari, do Ospedale Universitario Maggiore della Carità, destacou que os resultados reforçam a importância das terapias combinadas após a progressão com inibidores de CDK4/6. Ela lembrou que, até recentemente, a sobrevida livre de progressão com terapias endócrinas subsequentes raramente ultrapassava o limite de dois a seis meses.
Segurança e dados preliminares de sobrevida global
Os eventos adversos mais frequentes associados ao gedatolisibe foram estomatite, erupção cutânea, hiperglicemia e diarreia, predominantemente de grau 1 ou 2. As taxas de hiperglicemia e diarreia foram consideradas baixas para um medicamento que atua na via PI3K/AKT/mTOR, um aspecto destacado pelos pesquisadores.
A sobrevida global foi definida como desfecho secundário principal, com resultados finais esperados para 2027. Na análise interina, foram registradas 99 mortes, com taxas numericamente menores nos braços que receberam gedatolisibe em comparação ao controle, embora os dados ainda não sejam considerados maduros.
Perspectivas para o tratamento do câncer de mama avançado
Os achados do estudo VIKTORIA-1 sugerem que o gedatolisibe pode ampliar de forma consistente a sobrevida livre de progressão em pacientes com câncer de mama avançado receptor hormonal positivo e HER2 negativo, especialmente naquelas sem mutação PIK3CA. O impacto observado, aliado a um perfil de segurança manejável, indica que o medicamento tem potencial para modificar o cenário terapêutico dessa população nos próximos anos.
Com informações de Medscape em Português — https://portugues.medscape.com/viewarticle/gedatolisibe-prolonga-sobrevida-livre-progress%C3%A3o-2025a1000tbw
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