Epinefrina em dose mais alta reduz intensificação do tratamento em anafilaxia

Epinefrina em dose mais alta reduz intensificação do tratamento em anafilaxia

Análise retrospectiva do Vanderbilt University Medical Center reforça recomendação internacional para uso de 0,5 mg em adultos.

Um estudo retrospectivo conduzido no Vanderbilt University Medical Center, nos Estados Unidos, apontou que a administração inicial de 0,5 mg de epinefrina intramuscular pode reduzir a necessidade de intensificação do tratamento em casos de anafilaxia. O achado reforça recomendações internacionais baseadas no peso e reacende o debate sobre a melhor dosagem inicial para adultos, tema que permanece pouco investigado na literatura científica.

Dose de 0,5 mg de Epinefrina se associa a menor progressão da anafilaxia

A análise envolveu 338 pacientes tratados para anafilaxia entre 2018 e 2024. Entre eles, 254 receberam 0,3 mg de epinefrina intramuscular e 84 receberam 0,5 mg. As características basais foram semelhantes: mediana de idade de 44 anos, predomínio do sexo feminino e peso médio de 82 kg.

A equipe liderada por Caroline A. Jackson, farmacêutica de UTI do Vanderbilt University Hospital, observou que a dose menor, de 0,3 mg, esteve associada a uma maior necessidade de escalonamento terapêutico. Esse desfecho incluía a administração de doses adicionais da medicação, início de infusão contínua ou intubação. O evento composto ocorreu em 30% dos pacientes no grupo de 0,3 mg, contra apenas 7% dos que receberam 0,5 mg.

Segundo Jackson, a prática institucional durante o período estudado favorecia a prescrição de 0,3 mg, embora a World Allergy Organization (WAO) recomende 0,5 mg para adultos com 50 kg ou mais. A disponibilidade de frascos da medicação no hospital, em vez de autoinjetores pré-dosados, permitia flexibilidade na escolha da dose.

Características clínicas e evolução dos pacientes

Entre os sintomas iniciais, urticária foi relatada em 78% dos casos, seguida de falta de ar em 57%, inchaço facial ou oral em 38% e náuseas ou vômitos em 23%.

As intervenções mais frequentes após a primeira dose envolveram:

  • Administração de nova dose de epinefrina em 23% dos pacientes

  • Infusão contínua em 6%

  • Intubação em 2%

O modelo de regressão multivariada confirmou que a dose de 0,5 mg se associou de forma independente a menor progressão clínica. Contudo, o estudo não demonstrou diferença significativa nos eventos de segurança entre os grupos, incluindo variações de pressão arterial, arritmias ou alterações isquêmicas no ECG.

Especialistas destacam implicações e lacunas com a Epinefrina

David BK Golden, alergista da Johns Hopkins University, ressaltou que a ausência de randomização limita a interpretação dos dados. Ele lembrou que a decisão de usar 0,3 mg ou 0,5 mg não seguiu um protocolo rígido, o que pode ter influenciado as condutas subsequentes. Ainda assim, Golden considerou os resultados relevantes ao sugerirem maior eficácia da dose mais alta.

Richard F. Lavi, alergista de Ohio, observou que muitos profissionais continuam a preferir 0,3 mg pela familiaridade com autoinjetores e pela escassez de dados sobre segurança da dose de 0,5 mg em adultos. Para ele, a maior dosagem tende a ser mais eficaz, embora estudos robustos ainda sejam necessários para avaliar seus riscos.

A importância de estudos prospectivos

Os autores reforçaram que os achados não comprovam causalidade e que análises prospectivas são essenciais para definir a relação entre dose inicial, eficácia clínica e segurança cardiovascular. Além disso, fatores como local da injeção, profundidade da agulha e variações anatômicas também permanecem sem resposta na literatura atual.

A dosagem ideal da epinefrina, enfatizam os especialistas, continua sendo uma questão complexa, dificultada pela própria natureza imprevisível e emergencial da anafilaxia.

Conclusão sobre o uso da Epinefrina

Os resultados do estudo reforçam que a dose de 0,5 mg de epinefrina intramuscular pode reduzir a necessidade de intensificação do tratamento em adultos com anafilaxia, alinhando-se às recomendações da WAO. Embora promissor, o achado evidencia a urgência de ensaios prospectivos capazes de esclarecer a segurança e a farmacocinética da medicação em diferentes perfis de pacientes. Até que novas evidências surjam, a escolha da dose permanece dependente do julgamento clínico e das características individuais do paciente.

 

Com informações de Medscape — https://www.medscape.com/viewarticle/higher-epinephrine-dose-tied-better-anaphylaxis-outcomes-2025a1000suh


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Augusto

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